"Bad Boy, Bad Boy..."

Data 23/09/2014 00:48:53 | Tópico: Poemas

Após uma noite inquietante
Despertei-me, não feito Gregor,
Mas mal-humorado e aborrecido.
Na mesa a refeição passada, intacta.

Pela janela eu via tudo pardo e cinza.
Parecia-me que um fantasma de Kafka
De mãos dadas com Dickens rondava a casa.
Sem me pentear ou lavar calcei meu coturno e sai.

Andando pela calçada um mendigo imundo
Me pediu alguns centavos ao qual paguei,
olhando-o profundo nos olhos,com um bicudo
No meio dos bagos. Só ouviu um urro surdo,
Depois de alguns segundos ele disse: Ai, caralho!

Não suporto indigente, essa gente sem dignidade.
Não faço caridade, não vou a igreja e nem dou esmolas.
Vou vadiando pelas ruas da estranha e cinzenta cidade
Quando trombo com um bando de putas na esquina.

Conheço a maioria das raparigas. Principalmente Maria
Que me convida mais uma vez para um delicioso programa.
Digo que só vou se o serviço for completo: Barba, cabelo e bigode.
Ela me olha com um olhar forte e cínico e me diz: "Vê se pode?"

Respondo que estou "quebrado" e que também só pago quarenta contos.
Relutante, Maria diz que não vai, mas gosta de mim e então cede.
Vamos para um hotel sujo, paredes carcomidas, escadas quebradas.
Não vou relatar aqui no papel o que rolou conosco dentro das paredes.

Mas digo que no final da foda senti repúdio pela pobre Maria.
Mas nem por isso fui bonzinho e não paguei o que combinamos.
Pelo contrário: Paguei com uns bons tabefes e peguei o troco.
Ela ficou lá no quarto chorando borrando toda maquiagem.

Sai aliviado como se tivessem saído de mim trezentos demônios.
Enfie a mão no bolso, entrei num boteco fodido e comprei cigarros.
Depois entrei no meu carro e fiquei rondando pelas ruas vazias.
Acendi um, dois três baseados que comprei de um tal Caiado, Caíque, sei lá,

Traficante pé rapado que em pouco tempo foi fumar, mas lá do outro lado.
Fiquei assistindo uns rapazes sorrindo e se divertindo saindo da escola.
Nunca gostei muito de estudar. Ia para o colégio somente para dar porrada.
Tanto que a diretora, Dona Neide, expulsou-me na quarta série primária.

Certo dia uma senhora bem velhinha me pediu para dar lugar no assento
Do "busu". Mandei ela tomar no centro do cú e para procurar outro lugar para sentar.
Os passageiros ficaram aterrorizados com a minha agressividade gratuita.
Mas não apareceu ninguém para enfrentar um caboclo de dois metros e trinta.

Sou assim. Sou mau porquê gosto de ser. Assim me destaco perante minha tribo.
Tenho vários amigos que vivem próximos de mim que fazem as mesmas coisas:
Depredamos telefônicos públicos, derrubamos portas de aço, tudo para agradar
As patricinhas que andam em volta de nós. Cada uma mais perdida que a outra.
Se eu contar aqui o que elas fazem na calada da noite, Chichiolina perderia a boca.

Treino jiu-jitsu todos os dias, tomo "bomba" para me manter perfeito por fora.
Não que eu seja maria-vai-com-as-outras. Tentem entender: Eu sou assim.
Na meu quarto tenho um poster do Rambo, um do Van Damme e outro do Bruce Lee
E nas ruas da minha cidade é onde ponho em prática o que aprendo em casa.

Outro dia a polícia andou atrás de mim. Uma denúncia anônima disse que eu tinha
Uma bomba caseira dentro de casa. Ainda bem que escondi na casa do meu pitbull.
Fiz com uma bola de sinuca e com pedaços pequenos de ferro, de pregos, chumbinhos
Tudo para fazer um estardalhaço nos caras da rua de cima que vivem implicando comigo.

Eu sou o mais, tenho o cabelo amarelado e escapelo quem ousar tirar sarro da minha pessoa. Nunca trabalhei. Minha mãe sempre me deu de tudo. Na empregada lá de casa
Já dei até um murro, somente pelo simples motivo que ela me negou um suco de uva que estava fazendo.
Ainda disse para a minha mãe que ela era que tinha me provocado me chamando de viado.

Este sou eu. Resolvi fazer esse diário para deixar os meus preciosos relatos para a posteridade. Quero que meus filhos se inspirem em mim num próximo futuro.
Inclusive namoro uma "mina" muito louca que gosta de um pó, de umas ervas e de usar umas roupas doidas
E acho que é com ela que terei minha prole. Fico aqui sorrindo escrevendo essas linhas
E pensando na Maria, a prostituta fula me dizendo: " Vê se pode?



Este texto é satírico e não expressa a opinião do autor. Apenas quis satirizar os Pitboys que adoram "bombas", porradas e que não respeitam os mais velhos nem dentro de casa. Não confundam o texto com o autor, peço pelo amor de Deus!



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