... sem que o deseje

Data 28/01/2008 08:13:42 | Tópico: Poemas

Esta manhã a noite e os passos tenros, vagarosos,
das orquídeas,
das begónias,
dos jasmins,
chegaram até mim, lajeados d’inexpugnáveis trepidações.

Sem que me desse conta, violetas rosas,
violetas azuis, imperiais,
desceram subindo em íntimo fervor
o íngreme do vento inclinado p’la flecha de Centauro.

Esta manhã, a noite ardente em ramos de violeta,
trouxe transbordante o verbo inexprimível, imperceptível,
este que, sem que o deseje, sem que o consinta,
sem que o outorge,
aviltado, a tudo acresce e tudo – desmesurado -, transmuta ou move.

Esta noite, amado, ideei um sonho e sonhei-me regressada
à noite antiga.




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