Mundo Moderno

Data 07/10/2014 22:46:57 | Tópico: Poemas

Que me perdoem os contemporâneos
Mas sou dos anos dourados de oitenta
Onde havia muito mais contato humano
E a contra-cultura era o pão que alimenta.

Eu era uma criança feliz, pobre e lenta
Mas a rua era agitada com as brincadeiras:
Polícia ladrão, boca-de-forno, rouba-bandeiras,
Bolinhas de gude, empinar pipa, ainda me lembra...

Brincávamos de "estrear novo toco" de manhã:
Amassar a bacia da velha, pular bambu em pé,
Passar pelo corredor da morte, rooooolimã,
Metidinha de galo, uuuuunha de gavião, é...

Também rolava um controle: Dois na linha
E um no gol. Só podia dar um toque na bola
As horas passavam até dá hora de ir para escola
E no tempo da merenda arroz com caldo de galinha.


Também fui muito bem acostumado ao bom do som
Por exemplo: AC/DC, Led Zepelin, Ramones, Kiss,
Legião Urbana, Gang 90 e as absurdetes, com o Blitz,
Com Belchior, Zé Ramalho, Raul. Ser músico era dom.

Ah, como era bom o outro mundo e, se não me engano,
Digo coisas que se passaram não tem tanto tempo assim.
São relatos que se desenvolveram há apenas trinta anos
E hoje vejo como essas brincadeiras tiveram triste fim.

Vejo minhas filhas enjauladas dentro das paredes do quarto
Catatônicas acorrentadas a um simples aparelho celular.
Se importam mais com as pessoas que estão no outro quadrado
E nem se importam com as pessoas que estão do lado, do lado de cá.




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