porém

Data 25/10/2014 02:12:15 | Tópico: Poemas

entretanto.
se pudesse vestiria esse chão ocre
o azul das tardes, recém saídas da janela
de uma só vez, e sem esforço.

se pudesse agarrar
cada assinatura surda
por quê, por quê, por quê
tua voz é a faca rouca das horas
em todas intensidades possíveis.
eu o faria. juro.

e, diferente das flores,
os jardins não comentam o rumor de um sorriso
morrendo e nascendo
aos berros inteiros do chão.

envenenar-me-ia dos vãos, dos trapos quietos
como um vento que chega e me abraça
até tornar-se intolerável de uma vez por todas

depois devolver-te-ia segunda-feira bem cedinho
descalço e faminto
o desequilíbrio das entrelinhas.



Vania Lopez


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