"au clair de lune"

Data 03/11/2014 23:40:19 | Tópico: Poemas -> Saudade

"... ouvir o eco nas ramas das árvores, ledos ensejos:
nós juntos, o brilho das estrelas poderíamos criar...”

----------------------------------------


- ” au clair de lune” (noites insones sob o clarão da lua) -




Nas noites insones, minha janela é o céu escuro;
deixo-me ficar soluçando no vácuo das estrelas,
desejando voar no breu, perder-me, inseguro ...
Desde este arrebol há sombras, não posso vê-las
entre frias rajadas do vento inclemente na noite,
tudo que me restou foi o céu torvo, cruel açoite.

Sei que nosso destino não é mais uno, nem singular,
a minha voz não é firme, há nela clamor vacilante,
mesmo quando desejo apenas no silêncio meditar.
Enquanto ansioso esperava ver estrelas, confiante,
pela janela escancarada do quarto agora solitário,
penetra o clarão da lua, ao meu sofrer é solidário.

No alto, há nuvens solutas, de sonhos bosquejos;
quisera apenas nós, sussurrando palavras ao luar,
ouvirmos o eco nas frondes das árvores, ensejos:
nós juntos, o brilho das estrelas poderíamos criar.
Doce refúgio, o quarto não seria como caixa vazia,
parco consolo, o perfume do seu corpo recenderia,

Inútil foi ajoelhar-me ali, diante do clarão da lua,
tentando ao menos distinguir entre os arbustos,
separando sua imagem dessa sombra que me amua,
o contorno do seu corpo contra a luz, sem sustos.
Hoje, só paira o aroma do cerne da bétula abatida,
uma real prostração, é tudo o que sinto nesta vida.


03112014
--------------------------------------------------------------
©LuizMorais. Todos os direitos reservados ao autor. É vedada a copia, exibição, distribuição, criação de textos derivados contendo a ideia, bem como fazer uso comercial ou não desta obra, de partes dela ou da ideia contida, sem a devida permissão do autor.




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=281585