É, talvez...

Data 30/01/2008 21:29:12 | Tópico: Prosas Poéticas

Talvez um dia, n’outro tempo
Em que os beijos não hão-de ser declínios
Nem as mágoas hão-de ser eternas.
Talvez assim, neste dia possa perdoar-te .
Dizer-te que por nada odeio,
Nem de mim, nem de ti,
Nem nada de nós que se misture,
Mistura-se por entre os tantos de cada.
Talvez num dia, ausente, distante,
O riso há-de se abraçar ao pranto,
E assim, numa dança como por encanto,
Tudo n’alma há-de se apaziguar.
A falas propaladas, hão-de estar mudas,
Permitindo assim que tuas juras,
Sejam apenas palavras, soltas, libertadas...
E não dor, tétrica, num coração dolente.
Talvez num dia, não sei se há-de entender-me
Até lá quem sabe, o dia, o dito dia, pode ser noite,
Nela talvez os olhos da mágoa, possam estar cansados,
Dado as longas noites, d'onde velava tua ausência.
E assim, por entre a porta do esquecimento semi-aberta,
Há-de ser que fujas, tu com todos os teus juramentos.
Algum dia as tuas lágrimas, forjadas, hão de molhar algo
E que sabe assim apagar o esto nesta terra seca que deixaste,
E na quietude de uma alma molhada, há-de ser
que Tu só habites no esquecimento.
N’algum dia, decerto tudo isso pode haver,
Talvez sim, um dia, talvez não, um dia talvez...
Talvez num dia, numa noite, num lampejo.
Talvez...Contanto que te esqueça.
Pois o que agora grita, reclama a alma,
É apenas o que dizias que faria,
O pacto que á mim fizeste,
e pouco fez para o mantê-lo.



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