Trocamos olhares em uma tarde amuada você tentava arrancar com o carro lentamente eu estava com uma lata congelada cheia de um vazio surpreendente
A poeira dançava sobre os olhos do chão enquanto testava reações químicas variáveis eu tentei esconder minha inquietação por observar suas expressões desconfortáveis
Já faz tanto tempo a agora faz um pouco mais que talvez você tenha esquecido ou fingido encontrar paz
Ele tem a sua idade? ele tem um português refinado? ele tem fragilidade para respeitar seu jeito reservado?
Ele te escreve alguma coisa? como eu despejo meses sobre o silêncio Ele te toca com vasta urgência? como eu toquei seus cílios no escuro
Trocamos olhares sobre um balcão dividimos os mesmos lugares sem a mesma intenção eu me destruí e não consigo me arrepender porque a morte supre o sabor que só sua alma pode ter
Eu ainda sei te decifrar eu ainda posso me interver eu não sei aonde estar eu não posso desfazer
Eu deixei coisas se alastrarem e raízes mofarem à sombra ao sol eu convoquei libertinagens e lustrei meus sentimentos com formol
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