;às arrecuas pelo tempo parando aqui e ali juntam-se cidades

Data 10/11/2014 19:03:46 | Tópico: Poemas

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;às arrecuas pelo tempo parando aqui e ali juntam-se cidades
céus
noites álgidas nuas e cruas

abandonos
[porque não uma ou outra prece? que se dane se a condenação ao inferno dos homens é certa]

ficaram os encantos os esconderijos
porque não os medos de quem quer voltar

já é tarde
confesso-me a ti.

São ânsias esperas histórias
lembranças e redescobertas
nada de novo a sul

dir-me-ás o que quero ouvir
como se o amor se ouvisse
como se não passasse de um boato esquecido
ou pretensão ultrapassada

e aqui entra a velocidade da luz
porque não o meteoro que regressa
numa noite visto a planar pela escuridão iluminando-a
aquecendo-a

impiedoso o impulso que tudo arranca
sangue
pele sensível ao beijo
as entranhas que apodrecem fora do sítio

ou um grito coralino peregrino pululando pelos santelmos
que nascem dentro das trovoadas

. incondicionais o peso das palavras
as amendoeiras em flor
a ressaca das constelações que não vejo
prosseguindo viagens incompreensíveis
quase esmagadas

mas sinto a sica
as pedras que se movem algumas já mortas
e sempre as luzes ainda regressando
sem saber onde as arrumar
só para tapar algumas sombras tantas

amálgamas absurdas que me visitam quando querem encruzilhadas resvalando pelos quatro cantos que me cercam onde costumo envelhecer-me

I

onde?

II

Repito trajetos que explodem a meu lado [ou implodem já nem sei bem]
órficos
escondendo a manhã do caminho sobre as águas daquele braço do rio esperando finalmente um abraço que o aperte numa voragem completa
imensa

e agora

tu que chegaste até aqui

diz-me a cor de quem um dia bateu à porta do teu sonho?

III

a ti e agora

volto a confessar-me

vou-me deitar.

Nada nem desabafo é.






Santelmo - Fosforescência que em certas latitudes e principalmente em tempo de trovoada se nota no alto dos mastros dos navios





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