O RECENTE SABOR DA NOSTALGIA

Data 31/01/2008 14:07:04 | Tópico: Poemas -> Saudade





Que gosto acerbo é este?
Gosto de amargura cuja origem se mostra ignota
e transpassa a janela, através de seu vitral,
a incidir-se no olho da mente,
que por ele tomado, revela toda a exuberância
da veemência da dor, afinal...


Não, pelo contrário, ele não se satisfaz somente
com a profundidade do prazer de tal gesta;
ele não se contenta apenas com a plena extensão da sua narcisosfera. Não obstante, ele penetra tão plenamente
a retina dos pensamentos. Sim, ela, este reprojetor de imagens
que fluem nas inúmeras conexões dimensionais do cérebro.
Do meu cérebro. O cérebro de um magoado e solitário antrópico
Verme Plangente.


Definitivamente não desejaria sentir o que sinto.
Adoraria dizer, sentir e exteriorizar
o esgarçamento completo das lembranças,
as quais agora me domam inteiramente.
Porém, infelizmente, não posso. Como se estivesse enleado
na teia da inércia de um dado corpo que se finca no solo do
repouso,
me encontro preso na teia da teima qual se faz temerária
ao resistir á mudança do seu fluxo.




Então, sucumbo á persistência de sua têmpera
e resolvo eu mesmo, parar com a minha
quase já totalmente vencida teimosia pachorrenta.
De fato, cedo completamente ás pressões das recordações
que dos pensamentos se prorrompem opulentas.
Aí, é que se reflui todo o amargor da dor da saudade que á minha mente apoquenta.


No entanto, nada faço para desfazê-la, nem mesmo amainá-la.
Ao contrário disso. Na verdade, me debruço sobre aquela
dormente perspectiva das imagens entrando pelo vitral
da janela. E aí incidindo-se em minhas retinas doloridas:
doloridas por reprojetar momentos que jamais se reverberam
assim como quando eram vivazes palpáveis matérias.


jessé barbosa de oliveira
















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