Aquele atalho

Data 12/11/2014 00:37:29 | Tópico: Textos

Aquele atalho

Que maravilhosa manhã. A aragem corre suave e macia como se umas cetinosas mãos me acariciassem. Os cabelos esvoaçaram mas que bem me estava a saber o fresquinho matinal. Comprei esta modesta casa, adquiria há muito pouco tempo. Era de uma pessoa amiga que se desfez dela. Utilizava-a assim como eu tenciono fazer. Passar o Verão, alguns dias ou fins de semana em tranquilidade. A rua é de terra batida porque a povoação é muito antiga e de poucos recursos, só o centro é empedrado e tem o pelourinho com o nome de um marquês a quem pertenceu, mas já algum tempo que está fechado o Solar. As ervas já cobrem o jardim. Mas as trepadeiras quase secas e não cuidadas ainda vão dando umas florzinhas bem perfumadas que apanho para enfeitar a casa. Deixei-as lá agora. Nem sei a razão, mas apeteceu-me me ir passear. Desci uma pequena ruela e caminhei ao acaso, sem destino. Atravessei a única estrada em que normalmente só encontro um ou outro carro, mas sim, carroças puxadas por burros o que satisfaz a população completamente.
Atravessei a estrada, mas esta alcatroada, toda esboroada, velha e meti-me por um atalho e pensei! Onde irás tu parar? Continuei. Sentia um cheirinho a maresia, pálido, mas que estava reconhecendo. Fiquei curiosa e caminhei por entre arbustos e aquelas folhas secas, cascalho, terra, ervas e pequeninas flores campestres, que magoavam os pés, mas teimosa ia caminhando. Já cansada, Ufa! Inesperadamente vejo umas ribas lá bem ao fundo e de grande altura. De longe parecia que o azul Céu não acabava. Quanto mais me aproximava o cheiro marinho mais se acentuava e qual não foi o meu espanto ao chegar perto, ver que era o mar simplesmente que estava à minha frente, azulado límpido e o limite entre céu e terra era um ténue e transparente traço que só ao pé eu via claramente. Nunca pensei que o mar, que julgava distante, estivesse tão perto deste pequeno paraíso. O sossêgo era quebrado por um pequeno galanteio entre o vago marulhar e as fragas corroídas de tanta batida. Não é prudente ir mais longe. Estou esgotada. Mas o panorama é de parar a respiração. Vou ter que voltar mais vezes, juro, e fotografar a riqueza magnífica e inspiradora da Natureza! E agora voltar??? Bem, prepara-te e coragem rapariga! Helena




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