VENTO BANDIDO

Data 31/01/2008 18:26:45 | Tópico: Sonetos

E veio o vento bater em minha porta.
Eu, inocente, abri sem constrangimento.
_ Posso entrar um pouco? – Perguntou-me o vento. –
_ Sim! Mas a casa é simples; se não se importa.

Ele entrou impávido, num torvelinho
Revirou a sala, varreu a cozinha,
Soprou meus poemas da escrivaninha,
Deixou minhas certezas em desalinho.

Depois, num rompante, saltou a janela,
Uivou no terreiro, bateu a cancela,
Quebrou a roseira que eu amava tanto.

Fiquei à soleira, mudo, entristecido,
Porque constatei que o vento bandido,
Levou-me a inocência, deixou-me o espanto.



Frederico Salvo




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