Retalhos breves na ponta dos teus dedos

Data 01/02/2008 11:49:43 | Tópico: Poemas

Retalhos breves
palavras soltas, angulosas, ossudas, labiais…

[Entre o silêncio e o arco concavo do meu corpo
em chama
navega prenhe um barco
de quilha invertida – espaço em que te doei a minha vida.
Entre o arco e o alvo
voa sublime o desejo, amado, no ensejo madrugado
de t’apaziguar de monja solidão,
de ser adriça em mar escalado rumo ao teu porto d’ermita].

Retalhos breves na ponta dos teus dedos
ceramista, onde do barro cresci na forma aclarada e líquida
d’árvore
de vaga ou flor incerta.

[Inevitável o amor
retalhado na ponta do teu beijo emudecido].

Avanço, madrugo o silêncio arribado em direcção ao vento,
sendo candeia ou casco sem defensa, quiçá arvorada gávea.

Esgotada agora, durmo o neorealismo das horas frias,
quando a cidade borbulha efervescente no mundo asfaltado do recorte.




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