vil perseguição

Data 30/11/2014 19:46:46 | Tópico: Prosas Poéticas


Largo-me destas letras, como se fossem tuas, caem-me das lembranças que não se vão. Os meus pés já correm há tanto tempo delas, e o meu coração deslocado cada vez mais perto e mais desarrumado.
Estão sempre à espera, em vil perseguição, eu viro as costas, fecho os olhos, mas elas puxam-me as pálpebras, rasgam-mas e entram-me como facas negras na órbita do destempero. Dói mais lembrar que viver, neste peso sem lógica de ficar.
É esta dor minha amante e companheira, este pedaço de ti que me compõe quase inteira. E sem saber, fica aqui, eu aí sem ela ver. Pensa estar no seu lugar e eu aqui não sei parar. É como um elo fatal, se desligar este mal.
Eu não a quero e portanto sem ela eu não me espero. Como fazer para chegar se esquecer só devagar? Se tudo tem de morrer, o processo onde o ponho, onde o faço decorrer? Em silêncio ou a picar os cascos do tempo alto? O meu coração é bomba de escarcéu a reclamar e o silêncio que me toma trovoa dentro bem fundo desta saudade de assalto, que me vem do fim do mundo.



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