MARES

Data 02/02/2008 15:41:50 | Tópico: Poemas

Esvaem-se as águas contidas
Ao abrirem-se as comportas.
Ligeiras procuram o melhor trajeto;
Não se norteiam pelo que não seja o óbvio.
Vão de encontro ao que as chama:
O mar; Derradeiro destino.

Também as notas do piano,
Uma a uma se juntando,
Vão formando a melodia.
Outras tantas as apóiam
Harmoniosamente,
Num invisível caminho.
Sozinhas são nada;
Unidas são música:
Mar da sonoridade.

Nós, egoístas, ainda dispersos vagamos.
Nossas vertentes vão se perdendo em si mesmas,
Sem rumo, a esmo.
Algo sutilmente clama distante;
A pequenina chama
Bruxuleia inutilmente.

E o nosso mar vai secando,
Mar do amor se acabando;
Morrendo;
Deserticamente.


Frederico Salvo





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