Quando partir

Data 16/12/2014 20:58:34 | Tópico: Prosas Poéticas

Derrama-se pela noite

meu triste pesar em raios de sol

envelhecidos no ébano e puro

olhar dos nossos carentes desejos

ando assim solitário de tanto cismar

de tanto relembrar nossa piedade

esmagada num cemitério

de tantas amarguras

repleto de relevos debruçados

na paciência que se extingue

quando chegámos por fim

ao fim dos tempos

que fazer então…

quando as ilusões se tornam inexistentes

e abrigadas num cálice raso de fé

que fazer se a mente me ilude e permanece

acantonada, contemplando aquele sopro gélido

que extingue mortiço a réstia de luz

que rejuvenesce e consome os dias por vir

que fazer…senão partir

no seio formoso da aurora consagrada

num harpejo lírico transportado

na desilusão do poeta

senão chegar de rompante com o orvalho

agasalhando nossas alegrias acetinadas

e bordadas na morada onde o mar

por fim se deixa por nós aconchegar

vou partir …e por lá decerto te deixo

por mim ancorar

FC


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