A Carta Que Nunca Te Escrevi ou a Simples Confissão do Meu Maior Crime (Parte XXXIII)

Data 28/12/2014 12:32:29 | Tópico: Prosas Poéticas

O silêncio que me corre nas veias adoça-me o paladar, aguça-me o medo de te dizer a quantidade exacta de palavras que te vai levar a acreditar na incrédula paixão que trago por ti. Estou capaz de chegar a qualquer destino e fazer... nada! Nada porque o silêncio que se apossa do meu corpo torna-o dormente, precipitadamente dormente e deprimente, incapaz esboçar um sorriso ou mesmo um olhar fixo no teu corpo delirante, nos teus olhos felinos que me dizem de forma incessante para me aproximar, para te despir lentamente, algo que neste estado me levaria uma eternidade de prazer.
O sexo é a salvação para qualquer estado de loucura, mas também o é um simples beijo ou um quente abraço. Eu, na minha constante loucura, nesta demência de gente normal, aconselho vivamente o sexo primeiro e só depois esses beijos húmidos ou molhados e os abraços que caem sempre bem no Inverno frio do Dezembro de um ano qualquer, e quanto mais pobre o casal, mais abraços deve dar nessa altura do ano.
E tu? O que me dizes? Tiras-me deste marasmo, deste coma estúpido de não saber o que te dizer, ou como to dizer?
Penso que não, vou ser mais um que daqui a uns anos se vai queixar de ser um cão abandonado de viver de pequenas e remotas aventuras com diversas mulheres, só porque tu não me libertaste deste casulo hermético que me consome, ou só porque eu emudeci no momento errado.


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