Soneto do círio que arde no lampadário

Data 02/01/2015 01:50:44 | Tópico: Sonetos

“Deu causa a usar, ao ver-me, essa esquivança
Talvez e ao seu silêncio: assim pensando
Maior piedade do seu mal me alcança”.
Ao rochedo chegamos praticando,
Donde outro vai divisa-se: o seu fundo
Todo se vira, a luz não lhe faltando.”

A Divina Comédia – Inferno – Canto XXIX




A tortura recrudesce enquanto arde o círio no lampadário,
n’único pensamento queim’alma, árido sentimento fraterno;
dor recorrente de dias passados em tormento temerário,
sem misericórdia cobrindo-me negra cinza, sofrer eterno.

Harmonioso silêncio! Ainda não vejo fachos no’spaço aéreo,
mor o dom intimista os separando da imensidão dos mares;
dúbia a majestade evoca simpatias do firmamento etéreo,
escuridão paira onde há montanhas no meio ofuscando ares.

Legítimo o silêncio! Confesso ser apenas criatura vulnerável,
ao transcender limbos serão os dias confundidos com delírio,
inoculada liberdade, noites conturbadas, procura incansável.

Caídas as asas, não mais posso ver estrelas neste martírio;
me quedo e aguardo, os olhos suplicantes , peito corrompido,
negras nuvens avizinham. Sem essa presença, sou consumido.







[ e consome-se a alma em turbilhões insanos....









nos desertos d’ estrelas, candentes da mais pura....


















aleivosia .]




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=285194