
ESPECTROS SEM RUMO
Data 04/02/2008 12:20:26 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| ESPECTROS SEM RUMO
Floresce em mim um sentimento de condoimento ao ver meu povo andar ao acaso por uma estrada que o levará indubitavelmente para o ocaso:
Se é que lá não já haja chegado. Sim, porque tenho a quase sólida certeza de que ele esteja vivendo numa realidade cuja substância é deleteriamente surreal.
Na verdade, temo estarem presos num limbo sicário da inconsciência, onde vejam, em um crápula centurião afável, o caminho para se emancipar de um limbo mais sofrível a eles: sim, falo do limbo da fome que erige seu viver diário!
Sim, substância surreal é aquela realidade em que vivem meus primeiros irmãos libertos. Porque ela, a realidade que julgam vivente, é um sintoma metafísico: uma projeção particular do mundo criado pelos carrascos onde o dantesco do horror mental não importa muito: pois o importante é saciar a fome... a sede física. Por isso crêem desesperadamente na mão estendida de um pai: pai que serve justamente áqueles que os expiam com a urgente. Premente privação do curso normal de sua fisiologia animal, reduzindo-a á de um faminto cão atrás duma canina boceta descumunal]
Entretanto o castigo maior não é morrer de inanição do corpo, segundo os fazem pensar os teniáticos Georges washingtons. O pior é morrer sem morrer... é morrer de fome sem nem mesmo saber realmente de que fome seja... é andar sem se ter consciência. É andar sem saber-se morto: morto por não sentir o pulsar. O pulsar da sua cabeça sobre o corpo.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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