sobre a inocência

Data 19/01/2015 18:44:03 | Tópico: Poemas

A chuva perfuma de trevo a tua face e da boca nua destilas seiva carmesim.

onde aplaino o meio do silêncio e nasce ardente o astro com cheiro a terra.

Com cheiro do pudor do teu ventre prenhe de linho âmbar plantado na tua inocência.

A inocência que se desfaz no cálice do tempo e no sulco do espasmo
para entoar no fruto descerrado pelo criptar das veias, enchendo de mosto o cravo cantante.

Procuro enxertar as mãos na tua dança. Na terra do fogo.
os teus lábios. Na raíz do suspiro. No ardor da carne inebriada.
No pedaço extasiado pela delicadeza.

Na varanda da tua mocidade debruço beijos, fios de prata, pétalas embebidas pela lua. Soluço. Amor.

Anjo. Diadema. Permaneço ao cimo do caule do teu abraço.

Leves e sôfregos, os teus olhos fiam esperança.

Asas abrem-se do teu peito, rasgando nos meus dedos

grinaldas de flores. Mansamente adentrando-me na madrugada em seda.

Adentro-me na tua inocência.






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