...nimbo orbicular

Data 04/02/2008 21:35:39 | Tópico: Poemas -> Surrealistas

Por sobre nós
a nuvem escura pressagiou tempestade.

Sem que houvesse tempo
- que o tempo escurecido já era em si mesmo, tarde-,
nimbo orbicular, golpeado e sempre ubíquo de clarão libertário,
desce e cinge-nos
como se fossemos nós mesmos, deuses, cabeças divinas
de esfinges impetuosas, apessoadas de lusco-fusco resplendor.

[Observo-te
por detrás da chuva ligeira a respingar no telhado
e o gato preto descalça a neve da madrugada
e foge por sobre a sombra cintilante dos medronhos].

Não sei se vivo,
se vegeto,
se me nutro de ti no imaginário dos meus sonhos,
ou apenas, me atormento em partituras d’orgânicos poemas,
onde me narcotizo em mimetismo primário,
me retalho, trapezista d’equilíbrios horríficos
e me incendeio imolada no cacimbo dos Outonos.



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