... enigma breve

Data 06/02/2008 10:42:09 | Tópico: Poemas -> Surrealistas

Abstruso
o mistério do teu sangue em chamas
quando encimas o abdómen prenhe das vagas
e me dominas em esperanças e loas de madrugadas.
Mar a dentro
lanças ancoras férreas, iças velas lácteas e,
no mutismo do voo das caravelas m’abjuras e me imploras,
se me enlevas e me clamas: persiste,
resiste aos ventos nordeste que t’ arrestam, que t’afastam de rota.

[Intricados
os rebentos impiedosos, espinhos obliterados em gelosias de ventos.
Altos,
mais altos
s’elevam os pensamentos
no desfraldar arestas brancas por dentro de planos
d’indecifráveis intentos].

Mordo o enigma breve do instante,
trinco a pele púrpura da alma que se explode e se não cala,
rebusco o indiviso, o inteiro,
a imensurabilidade no azimute pleno e tão sagrado,
porfio o verbo na soma totalitária dos dias nulos e,
atenta ao desejo do supremo, prossigo o voo aberto da gaivota.




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