
CANÇÃO DE MADRUGAR
Data 23/02/2015 22:17:38 | Tópico: Poemas
| De linho te vesti, de nardos te enfeitei Amor que nunca vi, mas sei...
Sei dos teus olhos acesos na noite Sinais de bem despertar Sei dos teus braços abertos a todos Que morrem devagar Sei meu amor inventado que um dia Teu corpo pode acender Uma fogueira de sol e de fúria Que nos verá nascer
Irei beber em ti o vinho que pisei O fel do que sofri e dei... dei...
Dei do meu corpo o chicote de força Razei meus olhos com água Dei do meu sangue uma espada de raiva E uma lança de mágua Dei do meu sonho uma corda de insónias Cravei meus braços com setas Descubri rosas, alarguei cidades E construi poetas
E nunca, nunca te encontrei Na estrada do que fiz Amor que não lucrei Mas quis... quis...
Sei meu amor inventado que um dia Teu corpo há-de acender Uma fogueira de sol e de fúria Que nos verá nascer
Então nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos, nem... pedras, nem facas, nem fomes, nem secas, nem... feras, nem ferros, nem farpas, nem farças, nem... forcas, nem gardos, nem dardos, nem guerras, nem... choros, nem medos, nem uivos, nem gritos, nem... pedras, nem facas, nem fomes, nem secas, nem... feras, nem ferros, nem farpas, nem farças, nem mal...
José Carlos Ary dos Santos
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