Intensidade e Altura [poetas peruanos] (Cesar VALLEJO)

Data 24/02/2015 10:05:53 | Tópico: Poemas -> Introspecção


Quero escrever, porém me sai espuma,
quero dizer muitíssimo e me atolo.
Não há fala cifrada que não seja suma,
nem pirâmide escrita sem refolho.

Quero escrever, porém me sinto puma,
coroar-me de louros, porém me encebolo.
Não há tosse falada além da bruma,
nem deus nem filho seu sem desenrolo.

Vamos, então, por isso, comer erva,
carne de pranto, fruta de gemido,
nossa alma melancólica em conserva.

Vamo-nos, vamos, porque estou ferido;
vamos beber o que já foi bebido,
e vamos, corvo, fecundar tua corva.

INTENSIDAD Y ALTURA

Quiero escribir, pero me sale espuma,
quiero decir muchísimo e me atollo ;
no hay cifra hablada que no sea suma,
no hay pirámide escrita, sin cogollo.

Quiero ecribir, pero me siento puma ;
quiero laurearme, pero me encebollo.
No hay toz hablada, que no llegue a bruma,
no hay dios ni hijo de dios, sin desarrollo.

Vámo-nos, pues, por eso, a comer yerba,
carne de llanto, fruta de gemido,
nuestra alma melancólica en conserva.

Vámonos ! Vámosnos ! Estoy herido ;
Vámonos a beber lo ya bebido,
Vámonos, cuervo, a fecundar tu cuerva.
Cesar Vallejo (1892-1938), Poesia Completa, Rio de Janeiro, Philobiblion/Rio-Arte, 1984, p.196]

Imagem: Vladimir Kush, Surreal Painting Art Gallery Anticipation Of Night Sky .





Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=288459