Carta à minha Vida

Data 24/02/2015 23:06:20 | Tópico: Poemas

atravessaste-me, Vida, até ao compadecer líquido de um rio que tingi de sangue - de nós, só o golpe em risco soube o ponto crucial, a fatal hora, o excesso aluvial... e vim, teu pranto e chamamento, vim renascendo, vim vingança e sal ardendo.
trespassaste-me, Vida, ao ocaso de um porto de chegada, passagem sem pousio para um verbo de certezas conjugadas pela boca a sorrir-me orvalhos de cantaria.
Vida, aqui me tens, nem mar nem morte, só sereníssima agonia, peito aberto às espadas que, ao sorriso, me transfundem o querer essencial:
ser delta ainda, enquanto os instantes forem séculos, e o papel onde te escrevo, um imenso e intacto areal.



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