Num tapete de água [poetas austríacos] (Thomas Bernhard)
Data 26/02/2015 10:03:40 | Tópico: Poemas -> Introspecção
| Num tapete de água
vou bordando os meus dias,
os meus deuses e as minhas doenças.
Num tapete de verdura
vou bordando os meus sofrimentos vermelhos,
as minhas manhãs azuis,
as minhas aldeias amarelas e os meus pães de mel amarelos também.
Num tapete de terra
vou bordando a minha efemeridade.
Nele vou bordando a minha noite
e a minha fome,
a minha tristeza
e o navio de guerra dos meus desesperos,
que vai deslizando pra mil outras águas,
para as águas do desassossego,
para as águas da imortalidade. Thomas Bernhard (1931-1989), poeta austríaco.
Versos Transcritos de Thomas Bernhard, Na Terra e no Inferno, tradução e introdução de José A. Palma Caetano, Assírio & Alvim, Lisboa, 2000. (Fonte: http://viciodapoesia.com/2015/02/07/a ... oesia-de-thomas-bernhard/)
Imagem: Pierre Auguste RENOIR, mulheres remando no Rio Sena. Imagem: Pierre A. RENOIR, remando no Rio Sena.
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