
"SEM TÍTULO... SEM VOZ... SEM TEMPO"
Data 07/02/2008 04:01:27 | Tópico: Poemas
| Não sei o que é ser idoso Velho em anos
Mas conheço a casa Sou inquilino Conheço a rotina
A urgência da vida Contra as delongas da morte
Ninguém culpe ninguém
Atire a pedra, e pense duas vezes
A moeda tem sempre dois lados Mas são uma e uma só moeda
Não é fácil a solidão para quem já foi menino um dia
Já foi pai, já foi mãe E todos eles morreram, Até os que estão vivos!
E a dor é constante Sussurrada
Os gemidos reprimidos Para não indispor quem põe e dispõe Sobre mim
É difícil ouvir que se ocupa uma cama E que se vive já de tempo emprestado.
E as dores do espirito e do corpo agudizam-se Porque se vive já a menos que meio corpo
E a dependência torna-se companheira E o pior de tudo... A sua consciência.
Um dia eu já tomei banho sozinho
Um dia eu já fui criança
Um dia já tive mãe e fui amado Com todo o cuidado
Hoje sou criança nojenta Que teima em respirar
Mas um dia eu vou dormir Como todos os dias E não vou acordar.
Esta... A alegria maior que me habita E me dá forças para me calar
Se depois for o nada e o esquecimento…
O “nada” é bom; Não há dores nem alegrias É a balança equilibrada
Se Deus estiver a minha espera Então espero Que tenha misericórdia
Mais do que a que tenho aqui para com os outros.
Acho que me tornei crente, no meu medo.
Há dias em que sei que não vou morrer
Há outros em que não tenho a certeza Por ter medo
É normal ter medo Penso eu na minha auto-indulgencia
E quisera eu descansar Nesse aconchego da alma.
Mas eis que vem a Razão Ferir estes pequenos estados de graça: “Medo do inevitável?” “Em quê que és diferente de todos?”
E mais uma vez que me humilho, Face a mim próprio
Quem penso que eu sou?
Nem da minha vontade sou dono O meu próprio corpo me traiu, Mais do que os outros todos...
POR: ANA C.
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