Chamando a chuva

Data 28/02/2015 12:41:31 | Tópico: Prosas Poéticas

Misteriosamente se desprende

em teus beirados

gota-a-gota

soa em mim como canção

dolorosa

perfumada de aromas

matinais


E das tuas pálidas nuvens

regas de mansinho

meu sossego vagabundo

aconchegado no fundo

onde o céu dorme gemendo

de vida

até a alma se debruçar

num sono profundo


Assim aprendi o segredo

no roçar cantado da chuva

assim deixei meu tédio

num aglomerado de solidões

esquecidas


Consumi todas as ventanias

que escancararam

o eco surpreso no silêncio

Pedi,

Parti

Amei,

Confessei

Abandonei

Reflecti

a ter saudade sem tradução

nas palavras

chamando a chuva

que perfuma a Terra

assaltando à pressa

o que resta da vida

esperando somente… um desejo de absolvição

num acto derradeiro de reconciliação

FC


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