cinzelânia

Data 28/02/2015 21:35:28 | Tópico: Prosas Poéticas

todos os milésimos
mergulhados
em nebulosas ilusões

eis o tempo:

plissado
intérmino
e encurvado
no casaco
cinzento de inverno
encharcado tanto
que treme o chão
com seus pingos
enregelantes.

quase nada atravessa
o silencio níveo
a não ser o vento cínzeo
pontiagudo na carne.

meia volta não dou
nem darei
para abraçar um
corpo indefinido no sonho
sobre uma plataforma
aquecida

esse eu se quer
às vezes
(nessas horas friorentas
abandonadas)
a ruar
em devaneios indissolvíveis
para encontrar-te
aguardando-me numa cabana
de paredes de papel...

(sem muita asa)
(sem muito voo)

... com apenas um punhado
de palavras crepitando
dentro de casa.


o decrépito
crepitar
da fantasia



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