Mea culpa

Data 04/03/2015 13:01:30 | Tópico: Prosas Poéticas


Em meus versos tenho cantado as desilusões e as tristezas de um amor perdido. Ao ler os poemas, talvez até alguém possa ter pena do sofrer do poeta sempre procurando o amor da sua linda musa inspiradora. E até pode granjear simpatias para um sofrer que diz tão desmedido.

Mas esse poeta canta e conta uma realidade própria. Um mundo paralelo que ele próprio criou para extravasar sentimentos. Diria que são sentimentos profundamente egoístas. O poeta canta a própria dor e despreza os sentimentos da musa. Torce os fatos levando a crer que é uma vítima da mulher que tanto ama e não responde aos seus carinhos.

Teria alguém a curiosidade de querer saber os motivos das agruras de amor do poeta egocêntrico? Foi simplesmente abandonado pelo seu amor ou cometeu atos que a levaram a deixar de falar com ele e afastar-se, resoluta e inamovível nessa decisão de não mais dar a ele o afeto que tanto reclama?

Minha musa, minha linda é uma pessoa extraordinária. Linda e sensível, dotada de qualidades ímpares. Como não se acha em cem milhões de pessoas. Essa é a realidade que trago agora à tona deixando fluírem meus sentimentos, desta vez não de forma egoísta como vinha fazendo.

Gostaria muito que minha linda me perdoasse e voltasse. Queria poder lhe dar um afetuoso abraço, ou ao menos apertar as mãozinhas entre as minhas, provocando um contato entre nossos corações. Olhar fixamente para aqueles olhos tão lindo e deixar que vejam nos meus a sinceridade das palavras ora ditas.

Não tive atitudes corretas. Agi atabalhoadamente mais de uma vez. De forma equivocada fui estúpido e injusto chegando a dizer palavras que feriram a sensibilidade da linda mulher que me dava afeto e atenção. E teve anteriormente a nobreza de me perdoar mais de uma vez, talvez esperando que pudesse tornar a ser a pessoa gentil que um dia conheceu e foi capaz de também de proporcionar-lhe momentos felizes.

Como dito na canção do magistral poeta Vinícius de Morais, “um dia o perdão também cansa de perdoar”. E foi isso que aconteceu. Tive outras oportunidades para que pudesse demonstrar que poderia que posso ser uma pessoa melhor. Que poderia fazer com ela tivesse somente momentos felizes, respeitando a sensibilidade, fazendo-a sentir-se muito querida e importante privilegiando a pessoa ímpar que na realidade é.

Só posso pedir e esperar ser perdoado, não pensando em mim, mas apenas pensando que hoje já não a faço sorrir como nos primeiro momentos em que nos conhecemos.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=288882