Deixa o sonho...

Data 09/03/2015 14:49:22 | Tópico: Prosas Poéticas

E se deixássemos

os sonhos

nos invadir sem opção sequer

de contornar os destinos

com data marcada para molestar

antecipadamente

o que resta da ausência

no fim de cada sílaba modulada

pelos ponteiros do tempo que cessa.


E se deixássemos

que a tarde nos procure

e forre a noite com chamas

incandescentes e imortais

ancoradas nos degraus que sustentam

o edificio reerguido na penumbra do dia

expectante disponível e consensual


E se deixássemos

correr pró mar este imenso

rio de incensos

que nos perfumam

e confortam distâncias

se inutilizássemos cada hora perdida

nos detalhes do tempo

desconhecendo

o muito que esquecemos

o tanto que perdemos

o que mais aprendemos

assim comprometidos

revendo ansiosos

cada detalhe do quotidiano

cada eufemismo deleitado

na sapiência deste verso

cada vez mais insano


E se deixássemos

sumir assim devagarinho

a saudade quase urbana

proíbida na intemporalidade

dos nossos desencontros

e medíssemos a métrica

existente nas palavras minuciosamente

plantadas na fusão derradeira

dos nossos seres…

e se deixássemos tudo ir,

amando devagarinho recíproca…e

verdadeiramente !

FC


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=289175