os rios percorrem-me as mãos

Data 11/03/2015 13:51:39 | Tópico: Poemas





as pálpebras baixaram-se como o pano
depois do espectáculo, as respirações
continuaram sôfregas na parede do quarto
como as feridas lá desenhadas



ruíram-se os céus dentro da boca,
o ponteiro recuou inequivocamente
(des) protegido pelos teus dedos.
interpretavam o corpo, a forma
mais ténue de me ler os traços recônditos


dobrei-me dentro de mim,
todos os poros se abriram como se fossem
um vidro coberto por musgo negro,
os rios percorrem-me as mãos
e as manchas brancas são agora raras
mas belíssimas
como as células em braile


Conceição Bernardino



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