Trapos dum sonho em farrapos - recitado -

Data 16/03/2015 09:36:42 | Tópico: Poemas



tema: amantes já divorciados ----***----

Hoje quase acordei e não te senti ausente.
Meu espírito criara-te na minha mente
como uma chama do meu ego
Que incendeia o sonho,
Um pesadelo de amor cego
Um amor que, suponho,
não vi Mas, não nego que o vivi e senti!

Senti que não conquistei o teu coração,
devido a um amor já inviril e senil
Que te balbucia a fala, sufoca a alma
quando entregas o teu corpo febril.

Nesta modorra sofri como tu,
um grande amor, que de tão servil m’aterroriza,
como a facada na alma que não cicatriza
no suor dum corpo nú.

Talvez possamos vir a amar
Uma fisionomia nova
mas, entretanto,
sonhamos, ansiamos, inconscientemente,
encontrar em nós a prova
de que podem amar-nos tanto
quanto nós amamos, ainda no presente

Porém, o vazio impera
com ou sem dor
E, quase de cabeça erguida,
rejeitamos como nos rejeitaram ,
e, outra vez, insatisfeitos na vida
ficamos à espera
do amor que procuramos.

Mas, talvez um dia,
talvez já velhinhos,
quando o corpo não sinta mais os carinhos
quando só a memória ainda possa senti-los
nos encontremos noutro sono profundo
Nos encontremos, talvez sozinhos
e já meio-farrapos (para o mundo)
meio – perdidos na cidade
resolvamos juntar o que restar dos nossos trapos.

E se assim não for,
e se existir a eternidade,
então meu amor,
no outro mundo
sem sonhos, manter-se-a a infelicidade

Porém, se existir reencarnação,
como consolação missão ou como prémio
então, meu amor, prostrar -me-ei
a pedir para partilhar a gestação
e renascer como teu irmão gémeo.

Mas,se perpétuo for apenas o jazigo,
que cravem no meu caixão
a tua fotografia que guardo comigo.
sempre,
sempre No meu coração.



qualquer semelhança com a vida real do autor é sonho!



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