Hoje quase acordei e não te senti ausente. Meu espírito criara-te na minha mente como uma chama do meu ego Que incendeia o sonho, Um pesadelo de amor cego Um amor que, suponho, não vi Mas, não nego que o vivi e senti!
Senti que não conquistei o teu coração, devido a um amor já inviril e senil Que te balbucia a fala, sufoca a alma quando entregas o teu corpo febril.
Nesta modorra sofri como tu, um grande amor, que de tão servil m’aterroriza, como a facada na alma que não cicatriza no suor dum corpo nú.
Talvez possamos vir a amar Uma fisionomia nova mas, entretanto, sonhamos, ansiamos, inconscientemente, encontrar em nós a prova de que podem amar-nos tanto quanto nós amamos, ainda no presente
Porém, o vazio impera com ou sem dor E, quase de cabeça erguida, rejeitamos como nos rejeitaram , e, outra vez, insatisfeitos na vida ficamos à espera do amor que procuramos.
Mas, talvez um dia, talvez já velhinhos, quando o corpo não sinta mais os carinhos quando só a memória ainda possa senti-los nos encontremos noutro sono profundo Nos encontremos, talvez sozinhos e já meio-farrapos (para o mundo) meio – perdidos na cidade resolvamos juntar o que restar dos nossos trapos.
E se assim não for, e se existir a eternidade, então meu amor, no outro mundo sem sonhos, manter-se-a a infelicidade
Porém, se existir reencarnação, como consolação missão ou como prémio então, meu amor, prostrar -me-ei a pedir para partilhar a gestação e renascer como teu irmão gémeo.
Mas,se perpétuo for apenas o jazigo, que cravem no meu caixão a tua fotografia que guardo comigo. sempre, sempre No meu coração.
qualquer semelhança com a vida real do autor é sonho!