A uma passante (Charles Baudelaire)

Data 16/03/2015 02:35:02 | Tópico: Poemas -> Dedicatória


A rua ia gritando e eu ensurdecia,
Alta, magra, de tudo, dor tão majestosa,
Passou uma mulher que, com as mãos suntuosas,
Erguia e agitava a orla do vestido;

Nobre e ágil, com pernas iguais a uma estátua.
Crispado como um excêntrico, eu bebia, então,
Nos seus olhos, céu plúmbeo onde nasce o tufão,
A doçura que encanta e o prazer que mata.

Um raio... e depois noite! – Efêmera beldade
Cujo olhar me fez renascer tão de súbito,
Só te verei de novo na eternidade?

Noutro lugar, bem longe! é tarde! talvez nunca!
Porque não sabes onde vou, nem eu onde ias,
Tu que eu teria amado, tu que bem sabias!

Charles Baudelaire, poema traduzido por Fernando Pinto do Amaral.



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