
Março - Poemas de Dr. Givago (Boris Pasternak)
Data 18/03/2015 02:06:03 | Tópico: Poemas -> Introspecção
|  O Sol empapa a gente de suor e o barranco agita-se abrasador. Como o de uma vigorosa pastora na primavera o labor escalda as mãos.
Desfalece a neve, enferma de anemia, em ramificações de debilitadas veias azuladas. Mas vibra de vida o estábulo e espelham saúde os dentes das forquilhas.
Oh, estas noites, estes dias e estas noites! O tamborilar das gotas a meio do dia, pedacinhos de gelo a fundirem-se nos telhados, chilreio de arroios que não dormem!
Tudo escancarado, a colheita e o estábulo. Na neve as pombas debicam a aveia e, de tudo o que é vivificante e reconhecível, aromatiza o fresco ar o estrume. Boris Pasternak, In: O Doutor Jivago, Público/Mil Folhas, 2002: 551, 553, vencedor do Nobel de Literatura.
|
|