Senhor de mim (II)

Data 08/02/2008 10:58:00 | Tópico: Poemas -> Paixão

Escuto-te
no rumor da noite inteira,
em cada folha amaciada p’las intempéries da vida,
em cada lágrima triste e desvalida.
Sei-te ai,
pressinto-te por sobre o mar, luar maior.
Senhor de mim,(1) avanças, alcanças-me na fome da ventura.
Enlaças teus dedos no novelo ardente de minhas tranças,
envolves-me ombros, em luas de brandura,
afagas-me os medos, sopras da minha pele
ventos,
poeiras…
…E beijas-me,
devagar,
lenta, lentamente,
em ternura intensa, imensamente.
A boca, o colo, os seios… percorres-me inteira, em fio de chuva,
antecipando o gozo da ampla posse, do retorno às origens.
A entrega é plena, de corpo e alma.
Sei-me tua, sei-te meu.
Submergimos
na mansidão exaltada da calma,
atraídos p’lo abimo. Libertamos o ar que nos sustém,
que nos respira
e somos unos, genésicos,
umbilicais,
distintos e sempre, sempre, tão idênticos, quase iguais.

[hoje, amado, na noite incendiada, no sonho em que
te tomo e me ofereço,
onde inevitavelmente te mimo, acaricio e em mim te acolho,
fui tua, absoluta, fêmea alada, na languidez suprema do cio].

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(1) poema "Senhor de mim", da autora, aqui no Luso - http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=20627


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