A PRESENÇA Autor: Carlos Henrique Rangel
Aquela casa sempre esteve lá Como a tartaruga gigante Que sempre esteve em sua ilha. Meu avô a viu. Meu pai... E eu... Ela ainda está lá Mesmo que morta E a quero assim... Lá... A sua presença torna presente Todos os que a viram. Todos estão lá Quando a vejo. A paisagem de mil olhos. Mil vezes olhada. Mil vez admirada. Mas ela está morta... (será ?). Alguém vai perceber isso. Alguém vais descartá-la... Como ficará o olhar do passado? Como ficarão os meus olhos do passado? Como ficarão os meus olhos míopes Sem a casa? Acostumarão ao vazio? À saudade dos que olharam? E eu a vi de tantos ângulos... Todas as suas faces... Mortas faces... Fico imaginando a ausência. Apenas o vazio no enquadramento. Um nada... A cegueira dos antigos. O descanso eterno dos que eram lembrados. Estarei cego. Todos estarão. Uma geração de cegos governará meu mundo.
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