Memorial de outono

Data 23/03/2015 15:55:19 | Tópico: Poemas

É teu esse poema de outono,
ao golpe do vento entregue,
igual a outros perdidos
nas alamedas cinzentas
do meu coração de papel.



São tuas essas palavras incertas
que avançam em espiral
por sobre o frio da manhã;
que gemem, clandestinas,
no porão do dia a dia;
pobres mãos que te afagam,
pobres lábios que te ofendem a pele,
pobres olhos que oscilam, perplexos,
entre o teu nome e o fogo.



São teus os silêncios descritos
pelo amarelo da palha,
paisagem de mesmice e mel
na penumbra que rege
o meu calendário de dor.



Vê, amado, o voo das naves
vazias de afeto,
de estranhos pensares,
repletas de tudo
que ainda não sou eu.



Vê, amado, esse poema de outono
que canta a tristeza frutal
dos meus desejos perdidos
e o redemoinho que passa
levando embora o nosso amor.



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