vozeirão da morte vinda do firmamento, desvia a rota do voo das gaivotas e adia labor d’um dia sossegado na cidade acordada ao som das explosões, a confusão das bombas nas ruelas tortas, perturba o sono das crianças que se põem numa fuga desordeira, desnorteadas e sem amparo, correm pelas ruas alagadas de escombros. no silencio camuflado de terror, ouve-se gritos da pequenada que ecoam na calada da noite. desamparadas e sem rumo, vagueiam pelas pracetas engolidas pelo escuro d’alvorada, atordoadas por denso fumo dos obuses, vasculham ruínas à procura dos pais, esfacelados pelas bombas d’uma guerra que não lhes pertence. despeitadas com a vergonha do mundo espelhada na insensibilidade dos homens, deambulam pela cidade fantasma em busca do amparo qu’a guerra lhes extorquiu
Adelino Gomes-nhaca
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