Em busca do amparo que a guerra extorquiu

Data 26/03/2015 12:41:46 | Tópico: Poemas

vozeirão da morte vinda do firmamento,
desvia a rota do voo das gaivotas
e adia labor d’um dia sossegado
na cidade acordada ao som das explosões,
a confusão das bombas nas ruelas tortas,
perturba o sono das crianças
que se põem numa fuga desordeira,
desnorteadas e sem amparo,
correm pelas ruas alagadas de escombros.
no silencio camuflado de terror,
ouve-se gritos da pequenada
que ecoam na calada da noite.
desamparadas e sem rumo,
vagueiam pelas pracetas
engolidas pelo escuro d’alvorada,
atordoadas por denso fumo dos obuses,
vasculham ruínas à procura dos pais,
esfacelados pelas bombas d’uma guerra
que não lhes pertence.
despeitadas com a vergonha do mundo
espelhada na insensibilidade dos homens,
deambulam pela cidade fantasma
em busca do amparo
qu’a guerra lhes extorquiu


Adelino Gomes-nhaca



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