INDIGENTE
Data 10/02/2008 17:28:15 | Tópico: Sonetos
|
Numa esquina, fria e húmida, de uma casa, Uma velha estende a mão e uma taça vaza Mostrando uma lata puída e alguns tostões Aí deixados por bem preservados corações.
E um cartão, velho, que no pescoço enlaça, Diz o seguinte: aposentada e enferma, faça O favor de ajudar! e nisto uns tantos rufiões Põe-se a fazer cabriolas à velha empurrões.
Atónito fico quando vejo que não há sequer Um gesto de afronta e um chamar de razão Pelo que nos é dado aí ver, à pobre mulher.
Cedo pois até alcançar o olhar da indigente E digo-lhe: se alguém, não tem ali, coração Crê-me, tu és bem mais rica que essa gente.
Jorge Humberto 06/02/08
|
|