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Data 28/04/2015 05:38:59 | Tópico: Poemas

Poemas sem título. São espaços que se preenchem e que sangram sem tema ou visão por perto. Dizes-me que são memórias tantas. Digo-te que são de novo os sons dos gestos insondavelmente vertiginosos e breves.
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talvez se insinuem gumes que o vento esculpiu
até algumas aves regressando
mantendo o êxtase que se quer por redescobrir
[adeus que vou partir]
início sempre invisível silencioso. Tuas mãos sabem dos cantos onde a pele se eriça
se encurva cada vez mais

chega a sufocar

invade o todo como um raio que fuzila sem aquela única distração
enquanto algures a loucura interrompe os sons infindos que se querem

libertar. Áscuas escondidas entreabertas e entenebrecidas

tudo passa até a baforada seca côncava

que a obscuridade dos teus olhos semicerrados
remoinhos
arrepia a cada instante. Cheiram a rosas bravias os gestos dispersos

naquele momento afastando-se como a maré
quebrando lemes
afagando as quilhas de perfil e

o caos
antes esquartejado mas pleno regressa completando alguns espaços ocos que os astros mais longe
refletiam [assim assim]. Espelhos que a água silencia

turbilhão que se espalha sem rota
a porta continua aberta de par em par

tão próxima. Tu nua plena

[¿ porque não inocente momentaneamente]

determinas e dominas o tempo deste meu nada
onde já não sou o eu.

O outro.


(Ricardo Pocinho)




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