O regresso às caravelas da morte

Data 12/05/2015 11:56:11 | Tópico: Poemas

Nos confins d’africa sulcavam caravelas
Contra tempo e contra anseios d’duma nação,
Via-se partir o povo ruma a perdição
Nos porões das enigmáticas barcas à vela.

Sob fúria das ondas e bravura dos mares
Zarpavam caravelas de porões abarrotados,
Corpos tisnados dos homens desesperados
Iam numa viagem sem regresso aos pomares.

Tempo deu tempo ao tempo e tudo mudou,
Caravelas deram lugar aos botes e tudo ficou,
Acrescenta-se sepulturas no fundo dos mares.

Em nome da prosperidade noutro lado do mundo,
Emergem negreiros nativos que angariam fundos
Com flutuantes caixões que fenecem no fundo dos mares.

Adelino Gomes-nhaca



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