Perguntei ao vento leste Se vira minha amada, Risonho apontou o sopro pra sul, E Lá estava ela boleada, Guiando ondas cristalinas de sal Que iam depositar lágrimas à praia. Nas espumosas vagas do mar Voei rente às águas do recife Pra me juntar à minha sereia Que ancorava ondas encabritadas Às tépidas areias das encostas. Ao der pela minha presença Me dirigiu sorriso tamanho do mundo, O céu desmoronou, vento estacou, Meu coração parou, será que morri? Não, não podia morrer pra amor adiar, Despedi dos mortos no Céu a meus pés, E grudado ao seu esbelto corpo, Abracei-a trémulo de paixão, Nossos lábios se cruzaram Num beijar húmido e fenomenal, O sol cioso escondeu raios, As ondas ciumentas Não depositaram lágrimas E zarparam por mar afora Sem despedida.
Adelino Gomes-nhaca
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