... sem horas

Data 12/02/2008 12:00:03 | Tópico: Poemas -> Surrealistas

Cruzar o silêncio das serras em papoilas de vento
rubro.
Afastar gelosias, cortinas,
em cotovelos súbitos, nos colmes acidulados
d’ álgidas ventanias...

Chegar a ti sem horas:
descalça,
desnuda, desarmada,
por entre a claridade baça da manhã,
solta dum céu plúmbeo, tão estanhado…

[…que existe uma unicidade na trajectória do tempo, meu amado…
Uma janela aberta ao rio,
- uma vela, um barco -,
nas palavras indizíveis,
inextricáveis, e na singularidade d’ espaços parcos].

Abrir lentamente
dedos,
lábios,
braços,
cerrar olhos em veludo pestanudo de pálpebras
- credulidade suspensa na imobilidade das coisas-,
e, tombar, serena, no íntimo do teu regaço.

Tomar-te,
no gemido d’águas d’alcatruzes,
ouvindo ninfas - deusas das águas -, no carrilhão de noras
e ver luzes, sorrindo, na antemanhã líquida dos dias turvos.



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