
amortizar
Data 21/05/2015 17:47:14 | Tópico: Poemas
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importa que eu morra agora com a língua de fogo das palavras em candelabros de velório lumes solitários chamando sombras cabisbaixas às paredes já desgastadas de solidão
que não sintam falta das cidades fantasmas dos meus olhos nem dos dedos árticos da consciência elidindo cores escamosas das mutações dos vãos que obliteram sentidos pra instaurar ilusões.
importa que meu túmulo permaneça de boca aberta surpreendido com o passar do tempo sem dolências sobre meu cadáver estirado numa erma rua de um poema com a lixarada já a meio voo roubando asas do vento largando-me num ângulo de esquecimento
importa que o poema deixe a rua poeirenta sempre de boca aberta expectando desavisado viajante se deparando com meu falecimento indigente
importa que eu morra agora em surdina e abruptamente com um monte de palavras carcomendo a caducidade da mente
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