VINTE E DOIS DE MAIO

Data 27/05/2015 00:35:33 | Tópico: Prosas Poéticas

VINTE E DOIS DE MAIO

Atravesso a vida em busca dalguma verdade nisso tudo.
Perscruto, inquiro, investigo, pesquiso.

Tenho pequenas esperanças e grandes desilusões.

Não cabem mais reveses em meu fado.
Sim, de tanto perder já me falta o que apostar.
Resta apenas aceitar o bom e o mal da vida, sem dramas. Resignado.
Com tempo a gente percebe que a carga emotiva sobre os fatos pode e deve ser esvaziada pela indiferença.

Se ignora a canhota o que a destra dá-ou-recebe,
Não saiba também o coração dos imperfeitos pensamentos da mente.
De igual modo, desconheça a mente os imensos sentimentos do coração.

Melhor pensar e sentir sem que se lamente qualquer que seja a situação,
pois tudo, mudado o mutante,
se transforma apesar de nós.

Quem ontem se amou, hoje já não se ama e amanhã ninguém sabe...

Consciencioso, abro a janela e vejo passar as raparigas de minha rua.
Amo nelas a eterna mulher jovem e bela que se renova a cada primavera.
As mesmas que amei desde moço embora outras.
As mesmas encantadoras ternuras nos doces sorrisos e olhos brilhantes.
Vê-las é ver que há beleza e alegria sempre.

E é tão bonito isso,
que me pego rindo e chorando a um só tempo.

A esta altura quem me lê se pergunta se, afinal de contas, estou feliz ou triste face ao amor às mulheres.
Como, se afirmei ter desterrado o dramático de minhas relações e elevado a indiferença frente às incertezas?...

Um engano dentro doutro engano, talvez.
Uma meia verdade numa bela mentira, com certeza.

Quase nada: Quase tudo.

Betim - 2015


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