Anagogia

Data 28/05/2015 15:41:42 | Tópico: Poemas


sempre entrego na noite
a face pro vento percorrer.

ele se roça no tecido erógeno
dos meus lábios
arrancando-me suspiro
espiralado que vai ao encontro
do lóbulo tenro
e translúcido de um anjo
imaginado para ouvir apelos
mundanos desassisados.

ronda-me,
sinto-o
sem aparente silhueta
que me faça afundá-lo nos olhos,
porém
adeja-se abusivamente
em seduzir outros sentidos.

como em transe alucinógeno
sinto que suas asas fazem
o ar dançar.
com multidão de mãos
traz à olfação
perfume oriundo de algo
comparável a rosa
sândalo e mel

resvala-se, em mim e
febril contorna o terreno onde
templo; sua pele nua
revela-se sedosa textura
como que de maleável cetim

e,

intimamente sobrenatural
e repentino,
deita-me na madrugada.
põe em fuga a realidade
para tomar posse
da minha fragilidade carnal




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=293610