Lábios de Mel
Data 03/06/2015 18:03:28 | Tópico: Poemas -> Amor
| Lábios de Mel Neste morticínio de Outono, Cansado de folia e desgosto, Jaz o triste poeta, em sono, Ébrio dos frutos de Agosto, Sonhando febril, em abandono, Teus lábios de mel e mosto.
Teus lábios de ninfa, beijam Os meus - toque de mariposa - Esta flor inerte ao vento. E meus lábios, os teus, desejam Sentindo o hálito de esposa, Sôfregos desse casamento.
E, num acordar doloroso, Sem querer quebrar a fusão, Minha boca, de tão sedenta, Neste amplexo amoroso: Corpos ardentes de paixão, Te explora, desejo formoso!
Beijo tua face adorável, Teus olhos fechados: carinho, Teus seios rosados; doce sugar. Beijo teu ventre a palpitar, Teu velo, tacteio o caminho, Num convite, meigo e afável.
Beijo as tuas pernas em arco Que anseiam prender, em enlace, Meu corpo no teu, em osmose, De que me furto, tão parco, Para que te cheire e abrace Num ritual, dança, que te espose.
Sobre ti, pétalas de rosa, Lanço, e ébrio desses odores, Te beijo - carícias ternas, Renovo a junção amorosa Enquanto esvais teus humores Fonte de correntes eternas. Nesta vida primaveril, Renovado de prazer e cio, Te afago o corpo fremindo. Te penetro, suave e viril Teu intimo, fundo macio, tão lentamente indo e vindo.
Neste ardor, dia de verão, Teus prazeres, meu delírio, Sonho nosso amor infindo... Teu corpo tomado: vulcão, Teu corpo; um campo de lírios, Brotando suores, se vindo...
E retomo teu corpo nu, Num delicioso orgasmo Tudo de mim, êxtase e linfa Que se entranha, minha ninfa, Nesse teu corpo, em espasmo Teu corpo no meu, ou eu e tu.
Mas eu, mortalha de Inverno, Cinzenta, nublada e dura, Perco-me no poeta, tremendo chama eruptiva, o inferno uivante em bruma escura, Viela sinistra... Horrendo! Lisboa, 03/06/2015
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