Gárgulas e Quimeras
Data 06/06/2015 08:17:40 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| Gárgulas e Quimeras Ah! Como urgem vidas estas Gárgulas, Aberrantes e cómicas, que vomitam Enredos e tramas, quais desaguadouros! Como são monstruosas as deturpações Destas mentes refinadamente insanas De corpos estáticos, senis, intocados…
E as Quimeras que ornamentam em redor Carpindo suas desditas, em coro de vates, Juram mil eternas vinganças conjuradas. Como são patéticas estas vis gargantas Arquitectadas por insondáveis desejos De paternidade em ventres infecundos.
Se as Gárgulas são cornijas ornamentadas De telhados faustosos, porque se incarnam De lendas de podridão e consomem, ávidas, As existência de nós, poetas, que ousamos Escrever amores, viver paixões e sonhos? Essa ousadia é a chave da transmutação!
Se as Quimeras são incrustações petrificadas De mansões erigidas por ganância e poder, Banhadas no gorgolejar constante do veneno Das suas irmãs superiores, porque choram, Malditas, em coros uivantes de desgraças? Porque um raio desavindo não as desfaz em pó?
- Não poeta, riem-se macabras da tua doação! Ah! A Gárgula mestra, mesclada de fungos ciosos que lhe devoram as entranhas, é a maestrina perfeita deste coral mortífero gerador de pesadelos existenciais, os algozes perfeitos que executam os sonhos poéticos. E, ai das aberrações que aspirem a humanizar-se… - Com o poeta, serão supliciadas de tormentos e dor.
Mera reposição
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