UM VELHO NO ESPELHO

Data 06/06/2015 00:46:38 | Tópico: Sonetos

UM VELHO NO ESPELHO

As minhas manhãs são de estranhamento...
Às vezes não conheço aquele velho,
Que insiste em me encarar do meu espelho.
Tampouco essa sua ira e atrevimento.

A quantas anda a vida ao isolamento
Que questiona o sistema e seu aparelho?
Pois, de tanto dobrar o meu joelho,
Andarei claudicante e sem intento.

Envelheço. Sem dúvida envelheço:
Nu, vejo-me encanecido, flácido.
Ainda que o semblante esteja plácido.

Ao mesmo tempo, orgulho-me em ter sido
Quem fui e sou, nas cãs me reconheço:
Este velho sou eu! Mas mais vivido...

Cidade Industrial – 02 12 2005



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