
Do Nascimento à Vida do Poeta ...
Data 08/06/2015 16:43:00 | Tópico: Poemas
| Numa tarde quente de Abril minha mãe levada a parto sofreu venturas mil ao parir-me nesse quarto.
Nasci em dia sem razão dum porquê que me transcende a Vida comeu-me o coração como um verso que nos prende.
E assim no quarto escuro da minha longa podridão nasci velho prematuro com mil facas na mão.
E na verdade que perdura num presente que é ausência meus olhos de loucura eram filhos da demência.
E sentia um vazio que não podia compensar minha mãe que me traiu deu-me à vida p'ra penar.
Havia em torno Primavera mas em mim era Inverno ter morrido, quem me dera, estava longe deste Inferno!
E o Pai que nunca tive foi carrasco do Poeta, mas quem sofre e sobrevive, se não morre, recupera ...
A esperança estava a meio entre os dois que era eu e a metade de estar cheio foi a dor que não doeu!
É o amor exactidão p'ró destino indisponivel mas quem sabe se a razão não liberta o impossivel!
E p'ró mistério de chegar fui matando a paciência, fui levado a deixar tão cedo a inocência ...
Fui velho ao nascer num sangrar até doer, velho sou e hei-de ser sempre velho até morrer!
Ricardo Maria Louro em Lisboa
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